Uma história feita de trabalho
O Amora FC foi fundado a 1 de Maio de 1921, o dia do trabalhador, durante um dos habituais piqueniques realizados pela comunidade amorense na Quinta da Princesa, primeiramente com o nome de Amora Football Club.
Os seus fundadores foram Mário de Carvalho, Guilherme Pestana, João Baptista, Julião Garcia, Tomás Alves, António Soares, Joaquim Monteiro, Oswaldo Reuter, Guilherme Reuter , Joaquim Zacarias, Leopoldo Grilo, Carlos de Azeitão, António Policia , Álvaro dos Santos, Jacinto Caixeiro, Alberto Rodrigues de Almeida (Malacato), Tomás da Cachamouca e António Manta.
O clube adotou a cor azul, como predominante, e o branco. No símbolo, uma estrela e uma bola de futebol.
Depois da fundação a principal luta dos responsáveis do clube foi encontrar um local onde implantar o campo de jogos do clube.
Hoje disputa a Liga 3, correspondente à 3ª divisão nacional, com o objetivo de regressar aos campeonatos profissionais.
Passava o ano de 1918 e na Amora existia um grupo de rapazes que se juntava para jogar futebol, um desporto recente em Portugal. Foram eles, mais tarde, os criadores do Amora Football Club que hoje todos conhecem como Amora Futebol Clube.
O largo do Lavadouro era um dos locais preferidos para se jogar ou treinar. Até que um dia decidiram arranjar um local onde o pudessem fazer, sem ter as mulheres a reclamar junto do lavadouro e sem estar perto da estrada principal. Assim rumaram ao Cabo da Marinha, junto ao Rio Judeu.
Em 1921, mais propriamente no dia 01 de Maio, dia do Trabalhador e dia em que a comunidade amorense tinha por hábito fazer um piquenique na Quinta da Princesa, nasce o Amora Football Club.
Passado algum tempo decidem fundar a sede do clube, que se situou na Rua da Amoreira, até aí as reuniões do clube realizavam-se na Taberna da Júlia Quim-Quim. A partir daí deu-se o nascimento oficial do clube, com a sede a funcionar como local de encontro e de convívio. O número de sócios aumentou e consequentemente as receitas também.
Nesta altura os amorenses ainda não se encontravam filiados nem participavam em campeonato algum, mas aos domingos era habitual jogarem (sem entrada paga) contra os clubes das outras terras vizinhas, Seixal, Paio Pires, Arrentela, Torre da Marinha, etc. As receitas resultavam de alguns peditórios que se realizavam pelo campo, conhecido nestas andanças de coletividades como “o peditório da bandeira”.
Porém o Amora Futebol Clube já começava a ser conhecido em todo o distrito de Setúbal como um conjunto de razoável valor, e pairava no ar a possibilidade de passar para outro campo que não o Campo do Cabo da Marinha.
Foi a partir daí que começou a deitar o olho a uma parte da quinta que, paredes meias com a Fábrica da Pólvora, era uma zona de pouco cultivo onde nem as árvores cresciam e que seria o local ideal para um campo de futebol. Um dia, numa das muitas visitas que fazia ao seu amigo, o Sr. Mário sugeriu ao Sr. José que aquele terreno fosse arrendado ao Amora FC, para construir o Campo da Medideira, algo que recusou redondamente.
O amorense não falou mais nisso, mas passado dois dias voltou à quinta para aí almoçar com os seus amigos e voltou à conversa a questão do terreno. A Ti Maria que viu o seu marido renitente em não facilitar o arrendamento disse-lhe para aceitar o pedido, e assim foi. A ajuda resultou, e graças à Ti Maria o nortenho decidiu então arrendar o terreno ao Amora FC. Após concretizado o arrendamento feito na presença de muitos sócios, só se pensava em deitar as mãos à obra. Munidos de pás, picaretas e enxadas revolveram o terreno, restos de árvores, videiras e até taparam um regadio que por ali passava. Estava construido o Campo da Medideira, onde o Amora FC participou no primeiro Campeonato Oficial do Núcleo de Almada em 1926/27.
Entre as temporadas de 1939/40 a 1946/47 o Amora FC disputa o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, sagrando-se, em 1941, campeão da Estremadura da 2ª Série daquela competição.
O primeiro Campeonato Distrital da 1ª Divisão da Associação de Futebol de Setúbal conquista-o em 1953/54, que viria a repetir durante a década de 60, vencendo os campeonatos relativos às temporadas de 1961/62, 1962/63 e 1968/69.
Após várias presenças no Campeonato Nacional da 3ª Divisão, o Amora FC regressa à 2ª Divisão Nacional na época de 1977/78, depois de ter vencido a Série F da 3ª Divisão Nacional na temporada de 1976/77.
A partir daqui o Amora FC entra no período de ouro da sua história, que culminará com a presença na 1ª Divisão Nacional do futebol português, onde esteve presente durante 3 épocas consecutivas.
Na temporada de 1979/80 vence a Zona Sul da 2ª Divisão Nacional e posteriormente sagra-se Campeão Nacional no segundo escalão do futebol português. Estava assim conseguido o direito a participar pela primeira vez na sua história no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
No ano da estreia entre os grandes do futebol português, o Amora FC – clube de parcos recursos - protagonizou um autêntico brilharete, alcançado a manutenção através de um excelente 12º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Apesar de alguma inconstância na liderança da equipa técnica, cargo pelo qual passaram três treinadores – Mourinho Félix, Arnaldo e Francisco Mário e José Moniz – o Amora FC conseguiu realizar uma prova digna de destaque.
Na temporada de 1981/82 o Amora FC foi um pouco mais além. Voltou a garantir a manutenção mas atingiu a sua melhor classificação de sempre no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com um 11º lugar.
Após uma prolongada e acérrima luta com o Académico de Viseu, FC Penafiel e GD Estoril – Praia, o Amora FC foi um dos sobreviventes no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82, essencialmente fruto dos pontos conquistados em jogos onde a priori se previa a sua derrota: venceu no seu reduto o SL Benfica por 1-0 e empatou no Estádio das Antas, contra o FC Porto, 1-1. A equipa do Amora FC tinha um trunfo importantíssimo na disputa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O seu campo de jogos, em terra batida, causava imensas dificuldades aos opositores. No Campo da Medideira apenas o Vitoria de Setúbal e o Sporting CP venceram.
A temporada seguinte, a terceira consecutiva na 1ª Divisão Nacional, terá sido o início do declive do Amora FC.
Nesta época não conseguiu atingir a meta da manutenção, terminando a prova em penúltimo, acabando relegado ao segundo escalão do futebol português.
Após a descida de divisão, a crise abateu-se sobre o Amora FC, tal como aconteceu com quase todos os clubes da região de Setúbal, área do país que sofreu uma enorme depressão económica e desemprego a partir de meados da década de 80.
No final da época de 1984/85 acabou relegado à 3ª Divisão Nacional. Com Jorge Jesus como treinador iniciou em 1989/90 um caminho que o levaria à 2ª Divisão de Honra.
Nesta temporada de 1989/90 subiu à 2ª Divisão Nacional e em 1991/92, ascenderia à 2ª Divisão de Honra, vencendo a Zona Sul com grande vantagem sobre o 2º classificado e onde a equipa alentejana do SC Campomaiorense se sagraria Campeão Nacional da 2ª Divisão.
Em 1992/93 disputou a 2ª Divisão de Honra, mas fruto do 17º lugar na classificação final voltou ao escalão da 2ª Divisão “B”.
Os problemas financeiros, fruto das dividas nomeadamente à Segurança Social, agonizaram ainda mais a vida do Amora FC, com reflexo naturalmente no desempenho desportivo daquele popular clube.
No final da época de 2004/05 o Amora FC desceu definitivamente à 3ª Divisão Nacional. Em 2008/09 volta a disputar o Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Setúbal, ao fim de 40 anos nos Campeonatos Nacionais. Em 2012/13 torna à 3ª Divisão Nacional, voltando ao Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Setúbal. Na época 2017/18, sagra-se campeão distrital invicto, batendo o recorde pontos do clube na competição, acumulando ainda a melhor defesa e o melhor ataque da prova, regressando assim aos palcos do futebol nacional, passando a integrar na próxima época o Campeonato de Portugal na série D.
A Federação Portuguesa de Futebol cria, em 2021, a nova Liga 3, que é até então o 3º escalão do futebol português.
A Amora FC - Futebol, SAD é adquirida pela Oderima Capital e José Maria Gallego passa a ser, em 2021, o novo presidente da SAD.
Na época 2021/22 o Amora FC teve um desempenho desportivo bastante interessante, ficando apenas a 1 ponto de garantir o acesso à Fase de Subida da Liga 3. Garantiu a manutenção na competição em 1º lugar.